O Grupo de Estudos de Teatro de Sombras dedica-se a pesquisar linguagens e formas de treinamento e criação para o Teatro de Sombras contemporâneo. É um grupo de estudos associado ao GEAC, Grupo de Estudos e Investigações Sobre Criação e Formação em Artes Cênicas (GEAC), criado no Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.

sábado, 31 de março de 2012

4o Encontro do grupo, em 27 de março de 2012


Começamos o encontro com um aquecimento físico seguido por um trabalho com escalas corporais. O nosso querido amigo Welerson fez uma verificação dos seus fundamentos de treino e recordou-se de outros modos de execução de algumas das escalas (como o deslocamento lateral do quadril e do corpo inteiro, que chamamos de "Torre Eifel") do treinamento. O próprio aquecimento foi bem legal e dirigido em grupo. Considero importante que esse tipo de aquecimento se dê dessa forma. Assim todos interagem melhor e a concentração fica maior, além de podermos observar o outro e ver como o colega esta desenvolvendo tais posturas.
Após o aquecimento em grupo começamos a trabalhar alguns princípios práticos/teóricos da mímica, como ponto fixo e o princípio de equivalência (treinamento em que se passa a ilusão de uma ação em que se implica uma força. Quanto mais força, mais decupagem e uso do corpo são exigidos). Tudo partiu do andar parado, onde se trabalha o sentido e ilusão de movimento de um corpo andando; o balanceamento e equilíbrio do corpo e transferência disto, se pensando nos vetores de força e contra força nos traz a ilusão. O macetinho (como diz o Welerson)  do andar parado pra mim foi o de sempre se estabilizar em um ritmo, e acho que a musica ajuda bastante, pois no encontro passado o ritmo do reggae que usamos como fundo para o trabalhao nos ajudou muito no estudo de como sentir isso no corpo.
Fizemos também as ações de puxar e empurrar caixas. O principio de equivalência se mostrou uma ferramenta muito interessante e bastante lógica. Se combate força com força, e assim se cria a ilusão; e também foi muito bem lembrado pelo colega welerson que se baseia na segunda lei de Newton. Logo após treinamos a ação de esquiar, e também deslocamento lateral, sendo a técnica do esquiar bem parecida com as outras mencionadas; o deslocamento lateral é mais uma técnica em que se consiste a troca de apoios pelo pé criando a impressão de estar parado, mesmo se deslocando de lado... haja coordenação motora!
Depois disso tudo fomos para o telão fazer testes e experimentos. Começamos experimentando o desequilíbrio, onde o corpo era levado ao extremo do equilíbrio dando a sensação de iminência de queda, tudo isto consegui observar em algumas posições que os colegas faziam. Percebi algo importante, quanto mais lento e duradouro os movimentos mais fortes e expressivos eles ficam!
Logo em seguida Welerson mandou que fossemos ao telão, eu e Valéria,  para simularmos o caminhar. Foi muito grande o impacto. Em alguns momentos, dava pra se acreditar que era alguém andando em direção a tela. Quando foi a vez do Welerson fiquei muito impressionado assim que o professor Mario deixou apenas metade superior do welerson iluminado, foi incrível! (vídeo) Ainda mais quando passamos de fonte fixa para móvel, tudo parecia tão grande e dava até a sensação de estarmos vendo algum filme, de tão real que pareceu.



Após isso tudo improvisamos uma interação com sombra usando um objeto próximo ao foco que projeta uma sombra de um obstáculo no telão. O participante deveria interagir: pulando, empurrando ou escorando. Pessoalmente a parte de puxar ou empurrar é bastante difícil por causa da dificuldade de equivaler as forças pra simular algo. Acredito que o segredo está em controlar o peso. Mas é isso, inicio de treinamento e primeira vez... espero que nas outras vezes consiga fazer melhor.
No final tivemos uma conversa a respeito da primeira parte da dissertação de mestrado do Emerson Nascimento (NASCIMENTO, 2011) em que se apontam alguns princípios do teatro de sombras, juntamtne com uma abordagem histórica e abordava historicamente algumas questões a cerca do teatro de sombra no mundo. Pessoalmente, prefiro o texto da Fabiana Lazzari (2011) porque ela vai mais pra um lado que eu adimiro muito. A técnica e experiência que ela percorreu passou por testes dos quais estou intrigado na minha escrita de monografia e foi de grande ajuda na compreensão de definições que acabamos acumulando sobre as técnicas e pilares do teatro de sombra.

Neste encontro compareceram: Mario Piragibe, Valéria Gianechini, Victor Rodrigues e Welerson  Filho.

Este encontro marcou também um avanço no aspecto técnico do trabalho, pois foi a primeira vez que trabalhamos com o foco luminoso produzido por uma lanterna Super LED com potência de 1500 W. Já vínhamos desde finais de 2011 lidando com lanternas feitas com a mesma tecnologia, mas com potência de 120W, a nova lanterna produz mais luminosidade, maior amplitude de área iluminada, e disto decorre também maior definição na sombra projetada. Trata-se de uma fonte luminosa potente, móvel e produtora de pouco calor, facilitando o manuseio e a sua movimentação durante o trabalho. A lanterna em questão foi adquirida online num site chamado Lanternas Importadas.

Esta postagem foi escrita por Victor Rodrigues com contribuições de Mario Piragibe



quarta-feira, 28 de março de 2012

Pilobolus 1

Segue, como inspiração após uma noite de trabalho, um vídeo especial, com apresentações e explicações. Uma matéria sobre a requisição do grupo de dança (e sombras) norte americano Pilobolus para fazer um comercial de TV:


Essa é para o povo treinar o inglês...
Bom dia!

segunda-feira, 26 de março de 2012

3o encontro do grupo - 20 de março de 2012


No terceiro encontro do grupo de estudos de sombras estavam presentes Mario Piragibe, Letícia Mariano, Valéria Gianechini, Welerson  Filho e Victor Rodrigues (antigo  e flutuante integrante do grupo o qual esperamos resgatar de vez para as sombras rs).
Iniciamos o trabalho cada qual realizando sua própria seqüência de alongamento para “acordar” o corpo e ativar estado de atenção plena.  E naturalmente o aquecimento que iniciara individualmente tornou-se coletivo.
Partimos para o trabalho das articulações e algumas escalas corporais de Decroux conduzidos por Welerson. Além disso, relembramos os andares da mímica corporal dramática, que ainda parece ressoar nos corpos dos atores como algo desajeitado e sem ritmo. Diferente das escalas nas quais já se pode observar alguma melhoria no que se refere à limpeza e precisão.
No momento seguinte nos dividimos em duplas para trabalharmos a correção das escalas de frente a nossa sombra. Descobrimos durante esses três encontros, o quão a própria sombra pode nos dar respostas precisas quanto aos nossos “erros” na execução das escalas corporais. 
Achávamos inicialmente que precisávamos de espelhos para realizar esta tarefa, mas não: a sombra nos revela o suficiente para “reeducar” o movimento sem revelar nossa imagem completa.  Este trabalho me parece importante porque o esmero na atenção empregada na execução do movimento  não garante o êxito da atividade.  Todos nós em algum momento no trabalho com as escalas tivemos nossas posturas corrigidas enquanto tínhamos a certeza de que estávamos realizando a postura corretamente.
Do exercício de correção das escalas, partimos para um momento de experimentação livre da relação entre duplas. Foi interessante perceber a influência da trilha sonora que acabou por conferir um certo ar cômico tanto na minha relação com a minha parceira Letícia quanto na relação entre Mario e Victor, uma atmosfera de brincadeira que rendeu bons momentos de criação.
Em seguida, ampliamos o exercício de duplas para um exercício coletivo utilizando lanternas (um foco estático e outro móvel e num momento posterior dois focos móveis). Assim, todos do grupo se revezavam entre assistir, manusear um dos focos ou experimentar formas e movimentos nas sombras. Um grande experimento improvisacional que nos trouxe não somente formas inacabadas, como momentos que pareciam criados a partir de uma dramaturgia.

Esse post foi escrito poir Valéria Gianechini.

domingo, 25 de março de 2012

2° Encontro Grupo de Estudos de Teatro de Sombras [13/03/2012]

O segundo encontro do grupo de estudos foi na verdade nosso primeiro encontro de 2012 com atividade prática, para nooossssaaa alegriaaa. Apesar da ausência de nosso querido Mario Piragibe conduzimos normalmente o encontro como planejado na última reunião, contando com a presença de Welerson Filho, Valéria Gianechini e Letícia Mariano.

No primeiro momento realizamos um breve aquecimento tendo como foco do trabalho as articulações tanto do eixo central (coluna vertebral) quanto dos membros periféricos (braços e pernas). Essa atenção para as articulações se faz necessária pois é um dos princípios básicos para se compreender a gramática corporal recheada de escalas corporais extremamente codificadas estruturadas por Decroux, elegido por Eugênio Barba como o único mestre europeu a elaborar um sistema de regras semelhante às de uma tradição oriental. Também foram trabalhados princípios do equilíbrio 'instável'/'precário' com o intuito de potencializar o estado de presença do ator.

Em seguida passamos por alguns andares básicos propostos pela MCD (Mímica Corporal Dramática), levando a atenção para o contato do pé com o solo, complementando o trabalho de equilibrio feito anteriormente e nos municiando de elementos da linguagem para serem experimentados com as sombras.

Aquecidos realizamos o simples exercício de observar sua sombra. As únicas instruções dadas as atrizes é que não perdessem sua sombra de vista e nunca deixassem que sua sombra encostasse em outra. Com a fonte de luz fixa projetando as sombras das atrizes na parede, apareciam em diversos momentos elementos das escalas corporais e qualidades de movimento que trabalhamos em encontros anteriores. As movimentações tendiam para pequenos e médios movimentos corporais, resultando projeções com movimentação de mesma qualidade com "silhuetas corporais interiças" (Ex: na imagem ao lado) em praticamente toda a improvisação.

Prosseguindo o exercício foi proposto as atrizes uma regra adicional: Uma das sombras deveria ser pequena e a outra grande. Esse exercício teve como objetivo permitir as atrizes experimentarem, em jogo, a relação espacial de seu corpo com a fonte luminosa (lanterna) e de seu corpo com a área de projeção (tela, no caso a parede). Observei que diferentemente da parede aonde as atrizes tinham uma relação espacial de pequena e média distância para a fonte de luz essa relação espacial era sempre de grande para média. Em nenhum momento elas tiveram uma maior aproximação da fonte, o que pode ter acontecido em função de estarem seguindo a regra de nunca tirar os olhos da sombra, o que as deixava de costas para a fonte durante quase toda experimentação. Como no exércicio anterior os movimentos eram curtos ou médios, tendendo para movimentos cotidianos e objetivos. A dinâmica de jogo, devido a última regra estabelicidade, aumentou instaurando fortemente relações de poder devido a diferença de tamanho das sombras. A movimentação ficou ainda mais intensa quando a fim da experimentação o foco de luz tornou-se móvel, o que instensificou ainda mais a dinâmica de jogo permitindo também uma narrativa menos linear.


Após um breve intervalo para água e comentários retomamos o trabalho com escalas corporais: inclinação lateral (egipiciano) e rotação. Primeiro trabalhando as articulações isoladamente, depois, somando-as. Em seguida, levamos o trabalho de escalas para a sombra que demonstou-se um excelente auxiliar (ou delatora, hehe) para correção das posições, especialmente na escala lateral. Na escala de rotação a dificuldade aumenta já que o olhar não está direcionado para a sombra. A proposta era que a sombra realizasse as posições de maneira correta, primeiro com a fonte fixa, em seguida, com a fonte em movimento, para que cada vez mais essa relação espacial, fonte-corpo-tela, se afine.

Para finalizar as atividades práticas desse encontro realizamos um improvisação com sombra onde, a príncipio, cada atriz poderia mover uma articulação por vez. Chama a atenção como a simplicidade dos movimentos criam relações que constroem pequenos fio dramatúrgicos, se é que posso assim dizer, deixando cada vez mais evidente para mim a potência expressiva da sombra. A movimentação limpa e precisa também permite a quem está assistindo acompanhar e criar juntamente com as sombras essa narrativa com mais clareza. Em seguida a improvisação tornou-se livre, onde apareceram todos os elementos trabalhados durante os encontros que tivemos. Chamou-me a atenção o quanto os andares da mímica podem ser ricos para o trabalho com sombra.


Encerradas as atividades práticas, partimos para os comentários sobre os textos lidos. (daqui a pouco posto sobre xD)

Vou escrever um paragráfo de conclusão depois ok? kkkk Também vou organizar e adicionar o fichamento em breve.

Abraços

sábado, 24 de março de 2012

O primeiro encontro do Grupo de Estudos de Teatro de Sombras de 2012 aconteceu no dia 5 de março, na sede da Trupoe de Truões. Foi um encontro para acertarmos as metas e métodos de trabalho para o ano, entendendo como nosso trabalho será organizado e feito.

Estiveram presentes a esse encontro: Mario Piragibe, Welerson Freitas Filho, Valéria Gianechini e a nova integrante do grupo, Letícia Mariano. Dsicutimos sobre o fato de o trabalho permanecer centrado em encontrarmos princíos de treinamento e criação para o trabalho a partir da sombra corporal, tendo como referial de trabalho os princípios de trabalho e entendimento do corpo de Etienne Decroux e os fundamentos de trabalho da ator no teatro de animação, como são encontrados nas discussões de autores como Valmor Nini Beltrame, Paulo Balardim e Steve Tillis. Reconhecemos também no trabalho da Cia. Lumbra uma forte referência.

Para este ano decidimos que nossas frentes de trabalho serão duas, a saber:

Treinamento e criação, que consta das seguintes etapas de trabalho:

1. treinamento físico a partir dos princípios de operação das referências mencionadas (Decroux, o ator no teatro de animação);
2. elaboração de sessões de trabalho e treinamento para se desdobrarem em oficinas a serem oferecidas;
3. Pesquisas para iniciar um trabalho de criação (provavelmente a partir de um conto a ser escolhido).

Reflexão, que se desdobra como segue:

1. Leitura e discussão de bibliografia levantada
2. Produção de escrita acerca dos materias estudados, tanto nas sessões de trabalho prático quanto nas de trabalho reflexivo.

A estutura básica do trabalho a ser realizado em nossos encontros será a seguinte:

1. Aquecimento físico;
2. Treinamento de fundamentos psico-técnicos;
3. Trabalho de criação e aplicação com a sombra;
4. Discussão sobre o trabalho e sobre bibliografia sugerida.

As metas de trabalho para o ano serão as seguintes:

Março, abril e maio
* Treinamento físico e técnico;
* Levantamento e aplicação de princípios de trabalho apontados nas dissertações sobre o tema de Fabiana Lazzari e Emerson Nascimento;
* Experimentação e criação livres com sombra corporal;
* Leitura e discussão de bibliografia básica;

Junho
* Trabalhos dos três meses anteriores;
* Criação e ensaio de cenas curtas.

Julho
* Recesso;
* Leituras recomendadas

Agosto
* Treinamento físico e técnico

* Aprofundamento e registro de resultados de material reflexivo;
* Preparação de material para participação no Festival e Seminário de Jaraguá do Sul;
* Início dos trabalhos de criação artíca a partir de tema escolhido.

Setembro, outubro, novembro
* Treinamento físico e técnico

* Trabalhos de criação artística a partir de tema escolhido;
* Escrita de artigos e ensaios.

Dezembro
* Planejamento de trabalho para 2013.

Bibliografia básica:


BALARDIM, Paulo. Relações de vida e morte no teatro de animação. Porto Alegre: Edição do autor, 2004.
BARBA, Eugenio & SAVARESE, Nicola (orgs.). A arte secreta do ator. Dicionário de antropologia teatral. Tradução Luiz Otávio Burnier (sup.). São Paulo-Campinas: HUCITEC: UNICAMP, 1995.
BELTRAME Valmor. Animar o inanimado: a formação profissional no teatro de bonecos. 2001. Tese (Doutorado em Artes Cênicas) – Departamento de Artes Cênicas (CAC), Escola de Comunicação e Artes (ECA), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo.
BELTRAME, Valmor Nini (org.). Teatro de sombras: técnica e linguagem. Florianopolis: CEART/UDESC, 2005.
BONFITTO, Mateo. O ator compositor. São Paulo: Perspectiva, 2002. (estudos; 177).
BURNIER, Luís Otávio. A arte de ator: da técnica à representação. 2a. ed. Campinas: Unicamp, 2002.
CASATI, Roberto. A descoberta da sombra. tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Cia. Das Letras, 2001. 
LAZZARI DE OLIVEIRA, Fabiana. Alumbramentos de um corpo em soimbras: o ator da Companhia Teatro Lumbra de Animação. 2011. Dissertação (Mestrado em Teatro) - CEART, UDESC, Santa Catarina.
LECOQ, Jacques. O corpo poético. Uma pedagogia da criação teatral. tradução de Marcelo Gomes. São Paulo: SENAC SP/SESCSP, 2010.
NASCIMENTO, Emerson Cardoso. A (re) descoberta da sombra: experiência realizada com edicadores na cidade de Imbituba - SC.  2011. Dissertação (Mestrado em Teatro) - CEART, UDESC, Santa Catarina.
ROMANO, Lucia. O teatro do corpo manifesto: teatro físico. São Paulo: Perspectiva, 2008. (debates; 301).

TILLIS, Steve. Towards an aesthetics of the puppet: puppetry as a theatrical art. New York: Greenwood Press, 1992.

As próximas postagens serão relatos das sessões de trabalho e discussão, com fotos, vídeos e outros materiais que possam ajudar a registrar o andamento do trabalho e aprofundar as discussões online. Espero que o formato e dinâmica de postagens evolua para além dessa introdução acadêmica e esquemática. 

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