No primeiro momento realizamos um breve aquecimento tendo como foco do trabalho as articulações tanto do eixo central (coluna vertebral) quanto dos membros periféricos (braços e pernas). Essa atenção para as articulações se faz necessária pois é um dos princípios básicos para se compreender a gramática corporal recheada de escalas corporais extremamente codificadas estruturadas por Decroux, elegido por Eugênio Barba como o único mestre europeu a elaborar um sistema de regras semelhante às de uma tradição oriental. Também foram trabalhados princípios do equilíbrio 'instável'/'precário' com o intuito de potencializar o estado de presença do ator.
Em seguida passamos por alguns andares básicos propostos pela MCD (Mímica Corporal Dramática), levando a atenção para o contato do pé com o solo, complementando o trabalho de equilibrio feito anteriormente e nos municiando de elementos da linguagem para serem experimentados com as sombras.
Aquecidos realizamos o simples exercício de observar sua sombra. As únicas instruções dadas as atrizes é que não perdessem sua sombra de vista e nunca deixassem que sua sombra encostasse em outra. Com a fonte de luz fixa projetando as sombras das atrizes na parede, apareciam em diversos momentos elementos das escalas corporais e qualidades de movimento que trabalhamos em encontros anteriores. As movimentações tendiam para pequenos e médios movimentos corporais, resultando projeções com movimentação de mesma qualidade com "silhuetas corporais interiças" (Ex: na imagem ao lado) em praticamente toda a improvisação.
Prosseguindo o exercício foi proposto as atrizes uma regra adicional: Uma das sombras deveria ser pequena e a outra grande. Esse exercício teve como objetivo permitir as atrizes experimentarem, em jogo, a relação espacial de seu corpo com a fonte luminosa (lanterna) e de seu corpo com a área de projeção (tela, no caso a parede). Observei que diferentemente da parede aonde as atrizes tinham uma relação espacial de pequena e média distância para a fonte de luz essa relação espacial era sempre de grande para média. Em nenhum momento elas tiveram uma maior aproximação da fonte, o que pode ter acontecido em função de estarem seguindo a regra de nunca tirar os olhos da sombra, o que as deixava de costas para a fonte durante quase toda experimentação. Como no exércicio anterior os movimentos eram curtos ou médios, tendendo para movimentos cotidianos e objetivos. A dinâmica de jogo, devido a última regra estabelicidade, aumentou instaurando fortemente relações de poder devido a diferença de tamanho das sombras. A movimentação ficou ainda mais intensa quando a fim da experimentação o foco de luz tornou-se móvel, o que instensificou ainda mais a dinâmica de jogo permitindo também uma narrativa menos linear.
Para finalizar as atividades práticas desse encontro realizamos um improvisação com sombra onde, a príncipio, cada atriz poderia mover uma articulação por vez. Chama a atenção como a simplicidade dos movimentos criam relações que constroem pequenos fio dramatúrgicos, se é que posso assim dizer, deixando cada vez mais evidente para mim a potência expressiva da sombra. A movimentação limpa e precisa também permite a quem está assistindo acompanhar e criar juntamente com as sombras essa narrativa com mais clareza. Em seguida a improvisação tornou-se livre, onde apareceram todos os elementos trabalhados durante os encontros que tivemos. Chamou-me a atenção o quanto os andares da mímica podem ser ricos para o trabalho com sombra.
Vou escrever um paragráfo de conclusão depois ok? kkkk Também vou organizar e adicionar o fichamento em breve.
Abraços
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