O Grupo de Estudos de Teatro de Sombras dedica-se a pesquisar linguagens e formas de treinamento e criação para o Teatro de Sombras contemporâneo. É um grupo de estudos associado ao GEAC, Grupo de Estudos e Investigações Sobre Criação e Formação em Artes Cênicas (GEAC), criado no Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Estudos de criação e técnica - reflexões em tempos de greve...

O blog se encontra bastante desatualizado. Desde o final dos encontros do primeiro semestre, algumas diretrizes de trabalho foram reajustadas, e contamos com a boa notícia da aceitação da bolsa de Iniciação Científica para a Letícia Alvares, entre outras notícias.

No momento, o trabalho do grupo tem acontecido em três frentes:
  • O trabalho de criação e estudo de métodos de trabalho com a sombra corporal;
  • a busca do desenvolvimento, com a colaboração de funcionários e professores do Curso de Engenharia (UFU);
  • A busca por meios de viabilização da ida de integrantes do grupo para o Seminário de Estudos de Teatro de Formas animadas em Jaraguá do Sul.

Por hora, o blog registrará questões e resultados da primeira das três etapas. Esperemos que em breve haja boas notícias acerca do avanço das etapas restantes.

Os últimos encontros foram dedicados a produzir fragmentos de cenas que pudessem servir de matriz para discussões e desenvolvimento do trabalho. Foi discutida e acertada que a metodologiua de trabalho seguiria a crença de que não é possível estudar processos de criação teatral sem que se esteja de alguma forma angajado num processo de criação. Assim sendo, foi escolhido o tema do teatro de Grand-Guignol, um teatro de terror e violência surgido na Paris da segunda metade do sécuko XIX, e a partir do levantamento dos seus eixos temáticos, levantar cenas emn duas etapas, sendo a primeira de improviso sobre a tela de temas gerais, escolhidos a cada sessão de trabalho; e a segunda etapa de decupagem, seleção e apresentação de cenas a partir das idéias reunidas na etapa de improvisação.

Após dois encontros (14 e 21 de agosto) onde foram trabalhados, respectivamente, os temas de perseguição e assassinato, passamos a criar as cenas e trabalhar sobre elas. Acordou-se que para os encontros seguintes seria mais produtivo suspendermos o trabalho de improvisação devido à quantidade de material levantado, e ao grande trabalho necessário para levantar e aprimorar as cenas iniciais.

Percebeu-se o quanto os recursos e efeitos expressivos propostos pelas cenas possuem de estímulo para trabalho e reflexão, acerca dos temas de eleição de cada um de nossos integrantes.

Portanto, paro agora de falar. Estão publicados abaixo os vídeos com apresentações das cenas feitas na sessão de trabalho de 04 de setembro. Vamos usar os comentários para nossas considerações e organizar nossos pensamentos e materiais para os artigos, banners, oficinas, espetáculos e projetos que virão.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ideias revolucionarias

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151210957697289&set=a.338713027288.189303.330717012288&type=1&theater


eh no face book, da uma olhada ai pessoal...

Usando apenas objetos opacos e translúcidos (além de um excelente jogo de luz), o artista azerbaijano Rashad Alakbarov, cria pinturas através de reflexos de luz e sombras em paredes em branco.

Impressionante!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Encontro do dia 22 de maio de 2012

Postagem escrita por Valeria Ginaechini


Hoje em nosso grupo de estudos estavam presentes Victor Rodrigues, Welerson, Valéria Gianechini, Mario Piragibe e um novo e querido membro Gétulio Goes.
Falamos sobre o conceito de Ideograma (visualidade e discursividade juntas!) e quanto este se aproxima da qualidade que pretendemos alcançar com a pesquisa de sombras corporais.
Sobreposições de imagens que permitam que o leitor faça sua própria interpretação.
Conversamos sobre os ingredientes dos ViewPoints de Anne Bogart que podem colaborar neste processo de criação/invenção de nossos métodos.
Definimos como importante referencia os textos de Will Eisner sobre quadrinhos. Onde imagem e texto são equivalentes.
Ao invés de dramaturgia da sombra Mario sugere que pensemos em discurso da sombra. Criar uma dramaturgia a partir dos recursos discursivos.
Em seguida assistimos a uma animação trazida por Getúlio.
No momento prático do encontro partimos para uma experimentação com o foco estático no qual cada um experimentava uma “dança” na sombra. Exercício que evoluiu posteriormente para presença de mais uma pessoa próxima a fonte e também com foco móvel.
Algumas questões surgiram:
Como recordar o que se fez em prol de um determinado efeito na sombra? O que é necessário para alcançar isto?
É possível realizarmos uma seleção (de partituras, movimentos, gestos)? Como faremos isto?
Acessar a memória não nos parece suficiente já que o nosso primeiro referencial é a imagem na tela.
Portanto compreendemos que existe aqui uma necessidade de decodificar o que fazemos. (Projeção + Controle Físico + treinamento do olhar)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Planejamentos e discussões teóricas

O encontro do dia 15 de maio de 2012 foi um encontro com quorum reduzido. De fato, a chuva forte que caiu naquele dia isolou muita gente, e a chegada até o Ponto de Cultura Trupe de Truões não foi fácil. Estavam presentes aquele dia Mario Piragibe, Valéria Gianechini e Welerson Filho.

Resolveu-se então aproveitar a situação para conversarmos mais detidamente acerca dos nossos rumos metodológicos e projetar nossas ações para o restante do ano.

As discussões ocorreram em torno de três frentes de trabalhos principais, a saber: procedimentos de pesquisa, ampliação do referencial teórico e ações de visibilidade e compartilhamento. Os principais pontos em torno desses temas, e que nortearão os trabalhos do grupo serão dispostos em seguida, mas não sem que nossos principais temas de discussão sejam apresentados:


TEMAS/PESQUISAS


- Entendimento de fundamentos poéticos e técnicos do teatro de sombras contemporâneo;
- Estudo desses fundamentos feitos a partir do trabalho com a sombra corporal;
- Treinamento e levantamento de fundamentos de trabalho para o ator no teatro de sombras a partir da gramática gestual desenvolvida por Etienne Decroux para a Mímica Corporal Dramática;
- Treinamento e levantamento de fundamentos de trabalho para o ator no teatro de sombras a partir de princípios gerais de treinamento para o ator no Teatro de Animação, segundo autores como Valmor Beltrame e Paulo Balardim;
- Estudo e experimentação de criação e discursividade em teatro de sombras, suportado por princípios de linguagem do cinema e das histórias em quadrinhos.

Participa ainda das nossas discussões questões relativas ao uso da sombra como linguagem e método de ensino do teatro. No entanto essas discussões ainda se encontram em estágio latente.


PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

- Manutenção da rotina de treinamento e experimentação com sombra corporal a partir da gramática gestual de E. Decroux;
- Emprego de fundamentos de trabalho do ator no teatro de animação para experimentação no âmbito da sombra corporal;
- Experimentação com criação de cenas e momentos sobre a tela com vistas a compreender a poética da sombra, bem como para desenvolver cenas demonstrativas de princípios de treinamento e criação;
- Experimentações com criação poética em sombra com vistas a servir de caso para reflexão dos artistas pesquisadores do Grupo.


REFERENCIAL TEÓRICO

Nossa bibliografia se amplia com obras que tratam da discursividade em linguagens artísticas que reconhecemos estabelecer parentesco com a arte da sombra teatral:


EISENSTEIN, Sergei. Dramaturgia da forma do filme. in: A forma do filme. Tradução Teresa Ottoni. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. pp. 49-71.

EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. tradução de Luis Carlos Borges e Alexandre Borges. 4a ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

FOUCAULT, Michel. Isto não é um cachimbo.  tradução de Jorge Coli. 4a edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998 (Oficina das artes).
livro disponível online aqui

Dessas obras ressaltamos, entre diversas questões, as noções de ideograma e caligrama, que empregamos para imaginar uma construção dramatúrgica que dispõe signos imagéticos de modo a articular um discurso sequencial, ou de montagem.


AÇÕES DE VISIBILIDADE E COMPARTILHAMENTO


- Produção de material reflexivo com vistas a edição de um caderno de pesquisa com textos de discussões acerca do trabalho da pesquisa;

- Participação no Seminário de Teatro de Formas Animadas de Jaraguá do Sul com apresentação de banners  e demonstrações de trabalho;

- Participação no congresso da ABRACE com publicação de resumo ampliado de artigo e banner acerca da pesquisa;

- Elaboração de cenas e apresentações com a linguagem da sombra para exercício dos levantamentos de pesquisa e  como demonstração de procedimentos de treinamento e poética.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

domingo, 13 de maio de 2012

No escuro?

Encontro do dia 08/05/2012

Bem, após duas semanas retomamos os trabalhos com as presenças de Letícia Mariano, Mario Piragibe, Victor Rodrigues e Welerson Filho. Iniciamos o encontro com uma roda de conversas onde diversas questões foram levantadas:
 
- Linguagens como os quadrinhos e o cinema dialogam com o teatro de sombras?
- E como utilizá-las para nossos trabalhos?
- A sombra triangula?
- Produzir mictórios a lá Du Champ em larga escala pode ser um negócio rentável?
 E por aí vai...
 
 Em seguida, fomos a parte prática que se iniciou com nosso breve aquecimento. Assim que iniciamos os exercícios dos andares, Valéria Gianechini chegou e juntou-se ao trabalho. Experimentamos um pouco de deslocamento com o 'andar base', que se não me engano, é o terceiro andar da mímica. Depois como de praxe, também realizamos a escala corporal lateral de inclinação (egipciana) e a escala de braço.
Para finalizar o primeiro momento de análise de movimento realizamos o 'Pique-sombra'  jogo apresentado pelo Ricardo Augusto no final do ano passado. Expostas as regras iniciamos a brincadeira, de início com o a fonte de luz mais fixa. Porém, com o decorrer foi experimentado a possibilidade do foco mover-se com maior intensidade, dificultando um pouco mais as coisas para os jogadores, hehe.
Partimos para a segunda etapa, improvisação. Com a fonte e a tela posicionadas a regra era: coloque sua sombra para dançar. Com o estímulo sonoro proposto por nosso DJ Piragibe, cada um tinha um período de tempo para fazer sua sombra dançar da maneira que quizesse. Assim, que todos dançaram, um novo comando foi adicionado ao exercício: continuar experimentando movimentos e escolher cinco imagens de sombra que gostou. 
Escolhidas as imagens e apresentadas aos colegas, lemos um trecho de um texto selecionado por mim da tese de Fabiana Lazzari. Após a leitura foi sugerido aos participantes do encontro que utilizando de seus movimentos e do texto como pré-texto, construissem uma pequena cena/exercício cênico de sombras. Para mim, o processo de criação em teatro de sombras, ainda é nublado e cada vez mais me instiga, também, investigar verticalmente maneiras de se chegar a resultados cênicos nessa linguagem. 
Dadas as instruções, o caos se instaurou. E se instaurou para todos. O que é essa bendita dramaturgia da sombra que tanto se fala? Como sair de nossa zona de conforto? O que pode ser feito com as sombras? Perguntas minhas, que durante a avaliação do exercício feita após a apresentação, percebi que eram de todos.
Questões que vão fertilizar e muito nossas cabeças para que continuemos nossas investigações no escuro, xD

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Encontro do dia 17.04.2012

O  nosso encontro aconteceu no dia 17/04/20012 e nesse dia, que surgiram coisas novas que abriram mais o nosso leque de treinamento, estiveram presentes na nossa “euréka” os colegas: Letícia Mariano, Mario Piragibe, Valéria Gianechini, Victor Rodrigues e Welerson Freitas.
Começamos com uma conversa rápida do que seria o trabalho e alguns comentários dos vídeos postados aqui no blog foram feitos, no nosso bate-papo inicial de trabalho. Ao desenrolar da conversa começamos com os alongamentos e espreguiçamentos que nos levam sempre a uma concentração maior no trabalho, simplesmente porque voltamos a atenção ao corpo gradativamente e a dispersão se esconde. Esconde porque considero que ela seja algo necessário e apenas sai da `cochia’, nos momentos de trabalho como forma de relaxamento e bem estar.
Partimos então para o trabalho com as escalas laterais da mímica corporal que viemos trabalhando a algum tempo (Gosto bastante das escalas porque o trabalho com elas resultam maiores exatidões no momento em que vamos a ação)... direita e esquerda: cabeça; do pescoço até a cabeça; do peito, pescoço até a cabeça; do meio da coluna, peito, pescoço até a cabeça;do fim do quadril, meio da coluna, peito, pescoço até a cabeça. É assim, que vejo, como se segue a lógica do mover em bloco lateralmente e é algo gradual. O corpo é dividido e o entendimento corporal passa a ser mais detalhado com o prolongar do processo.
O colega Welerson já pediu que partíssemos já direto para os treinamentos de ponto-fixo e visualização de objetos que, respectivamente, consistem em criar a ilusão de que o mímico está a interagir com algo e esse algo seja físico ou não. Ex: mesa, parede, dentro de uma caixa, peso do objeto, cor, etc. Primeiramente fomos a posição do sentar no banquinho onde os pés são juntos e abertos em diagonais, pernas flexionadas seguindo a linha do pé e o quadril gira em torno do próprio eixo para frente. A partir dessa posição treinamos o pegar papel e foi pedido que visualizássemos o tamanho, peso, formato e cor. A cada pedaço de papel retirado mudava-se as cores, os formatos, os pesos e tamanhos (percebi que ao visualizar conseguimos atribuir uma lógica de movimento e organização corporal para dar mais verdade à visualização). Então de repente mudou-se o objeto. Logo após foi nos dado o estimulo de pegar garrafas e pratos até que fizemos um trabalho coletivo, que foi o agarrar e conferir uma tubulação. Foi interessante porque esse exercício remete muito ao jogo do siga o mestre e impõe a quem está seguindo uma observação detalhada do tubo que o mestre está propondo, ao realizar a mímica de está-lo agarrando. O tamanho, forma, e sentido que a tubulação seguia era o mestre quem dava até que foi dito que agora tínhamos que achar um vazamento na tubulação. (a sugestão de visualização da situação foi um momento muito legal porque migramos do trabalho em conjunto para um particular, mas ao mesmo tempo em grupo e nos também trás um `problema’ que abre portas para visualizarmos algo em que todos estão em contato, mas cada um sugere um vazamento diferente).
Ao seguirmos pro telão o Welerson foi muito feliz ao nos propor situações na hora do trabalho com a sombra. Foi estimulado, na situação em que participavam Mário e Valéria, que eles seriam os novos contratados de uma fábrica de envasamento de água no setor de embalagem, onde haveria uma esteira e as garrafas passariam de um para o outro nela. A ação se desenrolou na seguinte lógica: Valeria ficou encarregada de pegar as garrafas, tampar e levá-las a esteira. Mário fez o papel de pegá-las da esteira e colocá-las em um balcão. Com o  desenrolar do jogo Welerson dava mais estímulos sugerindo que a fabrica precisava aumentar a produção e a velocidade da esteira havia sido aumentada. Foi incrível como o movimento passou de algo automático e, com o aumento gradativo da velocidade da esteira, podemos perceber que ficou algo parecido com uma dança, assim que a velocidade se tornou excessiva.
Letícia e eu fomos para o telão e a situação dada era que tínhamos de pegar pilhas de papeis e passar de um para o outro colocando-as em seguida em um balcão. Letícia pegava as pilhas e me passava. Eu pegava e colocava elas em um balcão. Novamente o estimulo da velocidade foi dado até que de repente Welerson muda a situação, mas continua na mesma lógica de pegar algo muito pesado, sugerindo que agora estávamos trabalhando em um sacolão fazendo um carregamento de melancias. As melancias seriam jogadas de um para o outro. Foi muito difícil porque parece com o jogo de jogar o foco para o colega; mas quem sugere peso e forma, é uma pessoa e quem recebe tem que aceitar a proposta do colega. (Foi difícil porém divertido).
Segui-se então um momento individual na sombra, em que todos que participariam (individualmente) do jogo no telão, estaria verificando uma tubulação e procurando por rachaduras ou vazamentos. Agora complicou-se mais ainda porque usaríamos a profundidade do objeto em relação ao telão e constatamos o quanto é difícil passar essa noção mas quando ela é bem visualizada, e proposta em uma angulação boa, passa claramente o formato de uma tubulação e até nos surpreende, pois  quanto mais detalhes damos do objeto e mais usamos o corpo (se apropriando do princípio de equivalência) se torna verdade aquilo que estamos visualizando.
Ao final sentamos e conversamos sobre o que foi trabalhado. O que se podia ver era a cara de satisfação no rosto de todos, pois esse processo de trabalho, se utilizando de situações, nos traz dificuldade; mas uma dificuldade boa. Ela obriga a quem joga, trazer tudo aquilo foi trabalhado para resolver os problemas e surgem coisas fantásticas. Esse momento de experimentação, dado dessa forma, produz mais e agrada mais a quem faz permitindo que a porta da criação fique aberta. Este foi um ponto forte e muito falado pelo professor Mário na roda final e que também foi muito feliz ao sugerir que os próximos exercícios se deem desse jeito como momento de experimentação e futuramente até para criação de cenas. Enfim, acho que esse foi um dos dias mais felizes e produtivos do grupo e o que ficou no final do encontro foi mesmo a sensação de trabalho produtivo e bem feito.