O Grupo de Estudos de Teatro de Sombras dedica-se a pesquisar linguagens e formas de treinamento e criação para o Teatro de Sombras contemporâneo. É um grupo de estudos associado ao GEAC, Grupo de Estudos e Investigações Sobre Criação e Formação em Artes Cênicas (GEAC), criado no Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Estiveram presentes a essa sessão de trabalho: Letícia Mariano, Mario Piragibe, Valéria Gianechini, Victor Rodrigues e Welerson Freitas.

Iniciamos com trabalhos de treinamento em escalas corporais, repassando-as: frontal, lateral (chamada egipciana) e de rotação lateral. Vimos, desde a semana anterior, lidando com algumas posturas alternativas, no que diz respeito ao uso da base para as posturas de quadris e de corpo inteiro (a postura que chamamos de Torre Eifel). Bem, antes de prosseguir, eis as divisões coporais que trabalhamos nas escalas:

* CABEÇA
* PESCOÇO (ou MARTELO)
* PEITO
* CINTURA
* QUADRIS
* CORPO INTEIRO (ou TORRE EIFEL)

Em seguida passamos a experimentar a percepção espacial em um jogo proposto pelo Welerson. Usando um foco luminoso estático projetado sobre a tela de projeção (IMAGEM) os atores experimentam, de olhos abertos as relações de distância e efeito dessa distância sobre a tela. Em seguida, os atores são, um a um, vendados e transitam pelo espaço entre o foco e a tela, sendo avisados pelos demais se suas imagens saírem da tela.


O exercício levantou diversas questões e entendimentos acerca do trabalho. Primeiramente é necessário indicar o uso de um termo:

Cone de luz: Esse termo foi emprestado das sessões de trabalho realizados em 2011 com Alexandre Fávero (Cia Teatro Lumbra) e se refere ao espaço situado entre a fonte luminosa e a tela que se encontra banhado pela luminosidade produzida pela fonte. O termo se refere à inclinação do feixe luminoso, que se amplia na medida em que avança no espaço. Esse espaço de influência criado pela ocupação da luz também é entendido como o lugar a partir do qual se produzirá o efeito de projeção da sombra. É a área de atuação do sombrista, o seu espaço de representação.

Welerson mencionou um apontamento de Etienne Decroux sobre a capacidade que o mímico deve desenvolver de "fazer sem ver" ou seja: uma consciência física e espacial que lhe permite executar ações e posturas sem a necessidade de conferir visualmente seu resultado. Essa capacidade foi prontamente identificada pelo grupo como algo necessário ao trabalho com a sombra corporal, pois que tanto a simplicidade das figuras projetadas quanto o entendimento da existência de uma relação peculiar entre gesto, espaço e efeito produzida no trabalho dentro do cone de luz solicita ao artista uma maior consciência fisico-espacial, e uma menor dependência do contato visual com a tela.
















Passamos assim a sugerir e imaginar alguns princípios de trabalho que pudessem auxiliar a desenvolver essa percepção de espaço dentro do cone luminoso, a partir de alguma propostas:

* Trabalhos no escuro;
* Percepção de relações espaciais;
* Exercícios de complementaridade corporal;
* Manipulação de corpos ("escultura") à distância;
* Exercícios que cotejam postura corporal e efeito sobre a tela;
* Precisão gestual.

Tratamos da necessidade de montarmos um banco de jogos experimentados e avaliados quanto aos seus objetivos e aplicabilidade.

A próxima sessão de trabalho (17/04/2012) será essencialmente prática, e agendamos para a sessão posterior a essa (24/04) a discussão sobre a leitura do segundo capítulo da dissertação da Fabiana Lazzari, "Alumbramentos de uma companhia de teatro de sombras" (pp. 82-114).

Fecho o post de hoje com o vídeo de um espetáculo - e uma companhia - muito presente durante a última sessão de trabalho: Voyageus Immobiles, da Cie. Philippe Genty. Até!

Mario Piragibe





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