O Grupo de Estudos de Teatro de Sombras dedica-se a pesquisar linguagens e formas de treinamento e criação para o Teatro de Sombras contemporâneo. É um grupo de estudos associado ao GEAC, Grupo de Estudos e Investigações Sobre Criação e Formação em Artes Cênicas (GEAC), criado no Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Encontro do dia 17.04.2012

O  nosso encontro aconteceu no dia 17/04/20012 e nesse dia, que surgiram coisas novas que abriram mais o nosso leque de treinamento, estiveram presentes na nossa “euréka” os colegas: Letícia Mariano, Mario Piragibe, Valéria Gianechini, Victor Rodrigues e Welerson Freitas.
Começamos com uma conversa rápida do que seria o trabalho e alguns comentários dos vídeos postados aqui no blog foram feitos, no nosso bate-papo inicial de trabalho. Ao desenrolar da conversa começamos com os alongamentos e espreguiçamentos que nos levam sempre a uma concentração maior no trabalho, simplesmente porque voltamos a atenção ao corpo gradativamente e a dispersão se esconde. Esconde porque considero que ela seja algo necessário e apenas sai da `cochia’, nos momentos de trabalho como forma de relaxamento e bem estar.
Partimos então para o trabalho com as escalas laterais da mímica corporal que viemos trabalhando a algum tempo (Gosto bastante das escalas porque o trabalho com elas resultam maiores exatidões no momento em que vamos a ação)... direita e esquerda: cabeça; do pescoço até a cabeça; do peito, pescoço até a cabeça; do meio da coluna, peito, pescoço até a cabeça;do fim do quadril, meio da coluna, peito, pescoço até a cabeça. É assim, que vejo, como se segue a lógica do mover em bloco lateralmente e é algo gradual. O corpo é dividido e o entendimento corporal passa a ser mais detalhado com o prolongar do processo.
O colega Welerson já pediu que partíssemos já direto para os treinamentos de ponto-fixo e visualização de objetos que, respectivamente, consistem em criar a ilusão de que o mímico está a interagir com algo e esse algo seja físico ou não. Ex: mesa, parede, dentro de uma caixa, peso do objeto, cor, etc. Primeiramente fomos a posição do sentar no banquinho onde os pés são juntos e abertos em diagonais, pernas flexionadas seguindo a linha do pé e o quadril gira em torno do próprio eixo para frente. A partir dessa posição treinamos o pegar papel e foi pedido que visualizássemos o tamanho, peso, formato e cor. A cada pedaço de papel retirado mudava-se as cores, os formatos, os pesos e tamanhos (percebi que ao visualizar conseguimos atribuir uma lógica de movimento e organização corporal para dar mais verdade à visualização). Então de repente mudou-se o objeto. Logo após foi nos dado o estimulo de pegar garrafas e pratos até que fizemos um trabalho coletivo, que foi o agarrar e conferir uma tubulação. Foi interessante porque esse exercício remete muito ao jogo do siga o mestre e impõe a quem está seguindo uma observação detalhada do tubo que o mestre está propondo, ao realizar a mímica de está-lo agarrando. O tamanho, forma, e sentido que a tubulação seguia era o mestre quem dava até que foi dito que agora tínhamos que achar um vazamento na tubulação. (a sugestão de visualização da situação foi um momento muito legal porque migramos do trabalho em conjunto para um particular, mas ao mesmo tempo em grupo e nos também trás um `problema’ que abre portas para visualizarmos algo em que todos estão em contato, mas cada um sugere um vazamento diferente).
Ao seguirmos pro telão o Welerson foi muito feliz ao nos propor situações na hora do trabalho com a sombra. Foi estimulado, na situação em que participavam Mário e Valéria, que eles seriam os novos contratados de uma fábrica de envasamento de água no setor de embalagem, onde haveria uma esteira e as garrafas passariam de um para o outro nela. A ação se desenrolou na seguinte lógica: Valeria ficou encarregada de pegar as garrafas, tampar e levá-las a esteira. Mário fez o papel de pegá-las da esteira e colocá-las em um balcão. Com o  desenrolar do jogo Welerson dava mais estímulos sugerindo que a fabrica precisava aumentar a produção e a velocidade da esteira havia sido aumentada. Foi incrível como o movimento passou de algo automático e, com o aumento gradativo da velocidade da esteira, podemos perceber que ficou algo parecido com uma dança, assim que a velocidade se tornou excessiva.
Letícia e eu fomos para o telão e a situação dada era que tínhamos de pegar pilhas de papeis e passar de um para o outro colocando-as em seguida em um balcão. Letícia pegava as pilhas e me passava. Eu pegava e colocava elas em um balcão. Novamente o estimulo da velocidade foi dado até que de repente Welerson muda a situação, mas continua na mesma lógica de pegar algo muito pesado, sugerindo que agora estávamos trabalhando em um sacolão fazendo um carregamento de melancias. As melancias seriam jogadas de um para o outro. Foi muito difícil porque parece com o jogo de jogar o foco para o colega; mas quem sugere peso e forma, é uma pessoa e quem recebe tem que aceitar a proposta do colega. (Foi difícil porém divertido).
Segui-se então um momento individual na sombra, em que todos que participariam (individualmente) do jogo no telão, estaria verificando uma tubulação e procurando por rachaduras ou vazamentos. Agora complicou-se mais ainda porque usaríamos a profundidade do objeto em relação ao telão e constatamos o quanto é difícil passar essa noção mas quando ela é bem visualizada, e proposta em uma angulação boa, passa claramente o formato de uma tubulação e até nos surpreende, pois  quanto mais detalhes damos do objeto e mais usamos o corpo (se apropriando do princípio de equivalência) se torna verdade aquilo que estamos visualizando.
Ao final sentamos e conversamos sobre o que foi trabalhado. O que se podia ver era a cara de satisfação no rosto de todos, pois esse processo de trabalho, se utilizando de situações, nos traz dificuldade; mas uma dificuldade boa. Ela obriga a quem joga, trazer tudo aquilo foi trabalhado para resolver os problemas e surgem coisas fantásticas. Esse momento de experimentação, dado dessa forma, produz mais e agrada mais a quem faz permitindo que a porta da criação fique aberta. Este foi um ponto forte e muito falado pelo professor Mário na roda final e que também foi muito feliz ao sugerir que os próximos exercícios se deem desse jeito como momento de experimentação e futuramente até para criação de cenas. Enfim, acho que esse foi um dos dias mais felizes e produtivos do grupo e o que ficou no final do encontro foi mesmo a sensação de trabalho produtivo e bem feito.

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