O Grupo de Estudos de Teatro de Sombras dedica-se a pesquisar linguagens e formas de treinamento e criação para o Teatro de Sombras contemporâneo. É um grupo de estudos associado ao GEAC, Grupo de Estudos e Investigações Sobre Criação e Formação em Artes Cênicas (GEAC), criado no Curso de Teatro da Universidade Federal de Uberlândia.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Sobre sombras, objetos, focos e pirações.

Do encontro do dia 03 de abril de 2012.

Testando... testando... 1... 2... 3... Letícia falando...

Começamos o encontro do dia 03 falando sobre a nova ‘ramificação’ do nosso grupo de pesquisa (que a propósito será meu futuro projeto de PIBIC sob orientação do Mário – amém ! haha), explicarei melhor, até então nos nossos encontros temos estudado alguns textos sobre a sombra – e sua trajetória no teatro – e, ainda, temos feito experimentos (improvisações) com a sombra corporal sob orientação do Welerson, utilizando a técnica de escalas corporais (da mímica corporal dramática) do Decroux. A partir de agora abrimos nosso leque e nos antenamos (ou despirocamos) pra outras questões que envolvem o trabalho da sombra corporal, localizando-a como ‘linguagem-parte’ do Teatro de Animação, pensando em como podemos usar o treinamento do ator de teatro de animação na prática do uso da sombra corporal. A sombra pode ser considerada um ‘objeto’ ou ‘ser-inanimado’¿ E nesse caso o ator que a produz pode ser considerado o animador/manipulador¿ Bom, tratemos a sombra como um objeto a ser manipulado, então como aplicar sobre a prática da sombra corporal técnicas apontadas por Beltrame e Balardim como: ponto fixo, foco/centro focal, organicidade, neutralidade, rebatimento de atenção, eixo¿ Pra não ter dúvidas, conceituemos:

Ponto fixo: O ponto fixo cria a ilusão/projeção de um corpo independente. É quando, por exemplo, um ator mímico constrói gestualmente um objeto e localiza-o no espaço.

Foco/Centro Focal: É a condução da atenção do público. Quando a ‘personagem’ mostra sua intenção, atenção ou desejo através do ‘olhar’ (ou direcionamento do corpo). A mudança do foco é o que chamamos aqui de rebatimento de atenção, quando, por exemplo, o público olha pro ator-animador e este está olhando pro objeto, o público automaticamente direciona também o seu olhar para o objeto. Muito parecido com o que conhecemos – de estudos do cômico e do clown – como triangulação.

Organicidade: É o ‘dar vida’ ao inanimado, aplicando movimentos orgânicos (como de respirar e inspirar) ao objeto.

Eixo: Lógica estrutural do objeto/ser.

Neutralidade: Capacidade do ator de teatro de animação ficar ‘neutro’ em cena, deixando todo o foco do público no objeto.

Entrando no conceito de ‘neutralidade’ várias questões surgiram: O ator consegue ser neutro estando em cena¿ Ou a neutralidade é só uma canalização/rebatimento da atenção do público¿ O estar em cena já impossibilita o ‘ser neutro’, ou não¿ Neutralidade seria a não-expressividade¿ Entre muitas pirações, chegamos a um acordo de entendermos neutralidade como um rebatimento da atenção do público, daí cabe ao ator saber dosar o foco da cena pra onde é necessário, afinal, mesmo o não-visto não é neutro, já que interfere ali, você tem que se preocupar com o que está mostrando – não com o que está escondendo !

À idéia de foco foi lembrado esse vídeo, da dupla Hugo e Inês (não preciso nem comentar hein¿):


Ainda pensando no foco, quando temos, por exemplo, dois corpos projetando uma única sombra, como a idéia do centro focal pode ajudar esses dois corpos a virarem realmente um¿ Podemos dizer que eles ganham unidade à medida que a sintonia entre os dois criam um único corpo e um único foco. Esse vídeo da Cia de dança Pilobolus mostra exemplos ótimos de vários corpos que formam uma única silhueta em sintonia perfeita:


Todas essas questões e levantamentos das técnicas utilizadas no treinamento do ator de Teatro de Animação serão futuramente acessados no objetivo de adaptá-los pro treinamento e trabalho prático do ator que trabalha com a sombra corporal.

Mudemos de ‘foco’ (rs) e entremos no texto que lemos durante a semana do Roberto Casati, A descoberta da sombra, foi destacado o momento onde o autor narra o despregar-se da sombra/corpo: quando a sombra sai do chão e começa a ser projetada em tela, ou seja, começa a ser verticalizada, é nesse momento que descobrimos a sombra como um objeto manipulável, até então a sombra, redundantemente, era só uma sombra que seguia um corpo pelas ruas das cidades, agora ela É o corpo, e o corpo passa a ser só quase sua sombra, escondido atrás da tela (eu disse escondido, não neutro, vejam bem!), o corpo do ator é o manipulador do objeto-sombra na tela projetado. E nós, meros mortais estudantes de teatro, temos domínio sob a sombra ou ela que tem vida própria e tem domínio sob nós¿ A sombra como uma máscara, ou boneco, que é simplesmente... Algo de místico, misterioso, poético, sabe-se lá. Viagens palosas à parte, voltemos ao texto...! Destacamos, ainda, a grandiosidade do ‘fenômeno’ sombra, e como ele muda e altera as paisagens, posto que a sombra dá a profundidade da mesma. Como dito no texto, tire fotos do mesmo prédio em diferentes horas do dia e veja a diferença que a sombra faz no mundo! Rs...


Hasta la vista !
Letícia Mariano :o)

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